Naquela noite ela estava sozinha. A chuva caia lá fora e seus olhos a copiavam, enquanto ela tremia por dentro, a dor era interna e intensa. Ela não sabia como se deixara chegar até esse ponto. Lembrava de se lembrar mentalmente todos os dias para tomar cuidado e não se envolver, não se entregar. Entretanto, ela sabia que quando o sentimento surge é difícil sufocar e ela não era forte o bastante para tentar impedir.
Quando ela olhou mais uma vez pela porta que ele saíra, as lembranças que ela lutava para esquecer voltaram em um jato. Aquelas palavras dilaceravam seu coração.
"O problema não é você, sou eu". O maior clichê de todos os tempos era o que mais machucava. Com tantas palavras para usar, fins de relacionamento sempre acabam em clichês, não havia jeito mais simples e menos doloroso.
Juntou o pouco das forças que restavam e foi até a janela. A vontade era de atirar-se de lá e acabar com todo aquele sofrimento, mas sabia que aquilo fazia parte de um momento de fraqueza, de egoísmo. Sempre achara que interromper a dor por suicídio era iniciar a dor da perda: ela ainda tinha família e amigos, não seria justo com eles deixar de viver por um qualquer.
Era assim que ela o via agora: um qualquer. Se fosse mais que isso, não teria ido embora, não teriam terminado em frases feitas ditas por todo o mundo. Ruim mesmo era acreditar que por um tempo não era assim que se sentia em relação a ele, achava que dariam certo porque era o que queriam. Preferiu acreditar que era o tempo que não quis, a vida ou destino.
Algo bom viria, algo melhor. Era que a consolava agora.
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