Apartamento novo, caixas por todo lado, móveis fora do lugar. Depois de um dia cheio de entra e sai, eu só queria desabar na cama e dormir (pelo menos a cama já estava montada). O telefone tocou enquanto eu saia do banho e eu corri para atender: era ele.
- Já tá tudo ajeitado ai?
- Não, ainda preciso desempacotar muita coisa - suspirei com o pensamento. Ainda seria muitos dias para deixar tudo do meu jeito.
- Ah, então nem rola uma festinha de inauguração hoje?
- Haha, festa é a ultima coisa que eu quero hoje!
- Você pretende passar a primeira noite no apartamento sozinha?
- Estou cansada, carreguei muitas caixas! Minha cama tá me chamando...
- Hmmm, então cama você tem?
- Pelo menos isso, né?
Ele riu. Sua risada era tão tosca e inconveniente, mas eu adorava.
- Tem certeza que não quer companhia? Eu levo o vinho e as taças, fazemos um brinde... só pra essa noite não passar em branco.
Ponderei um momento. Não estava nos meus planos comemorar essa noite, tinha pensado em fazer alguma coisa no apê quando finalmente terminasse a mudança. Mas, ele sugerindo um vinho... não era coisa que eu pudesse dispensar.
- Ok então... mas não demora, não quero dormir muito tarde.
Ele desligou e eu fui me trocar. Passado uns vinte minutos a campainha soou de uma maneira inconfundível: dois toques rápidos e um longo. Ele sempre tocava assim. Mal abri a porta e o cheiro amadeirado dele invadiu a sala, seu rosto trazia um sorriso torto e suas mãos uma garrafa de vinho e duas taças. Sorri também e dei passagem para que ele entrasse. Encaminhou-se até o balcão onde colocou os objetos que trazia e voltou-se para mim.
- Até que não está tão bagunçado quanto imaginei - comentou.
- Ainda não criei coragem pra abrir as caixas...
- Pelo menos você já tá com tudo aqui: sofá, mesa e - espichou os olhos pela porta do quarto - cama...
Encarei-o divertida.
- Esperava que ao menos brindássemos primeiro - assoviei, depositando meus braços em seu pescoço.
Ele deu aquela risada tosca novamente.
- Podemos fazer isso...
Delicadamente ele retirou meus braços e me entregou uma das taças.
- Pensei em trazer isso, para o caso de que você não tivesse - tirou um saca-rolhas do bolso.
- Hmmm, pensou em tudo, é? - ri.
Abriu a garrafa e depositou o liquido nas taças.
- À vida nova - brindei.
- Aos amores velhos - brindou.
Bebericamos um pouco da bebida e então me entreguei a ele.
Beijos e abraços. Amassos e falta de roupas. A cama nova recebeu os corpos que já se conheciam.
Não sentia mais cansaço algum... quando ele falava, eu era dele.

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